segunda-feira, 28 de abril de 2008

A mídia e o caso Isabella

A busca pela audiência e pelo conseqüente lucro publicitário não tem mais parâmetros éticos na grande mídia. O caso Isabella ilustra perfeitamente tal constatação. Toda a mídia nacional foi mobilizada. Os canais de televisão transformaram o caso em uma verdadeira “novela” com capítulos, resumos e trailers. Em alguns casos só faltou mostrar as cenas do próximo capítulo.
Âncoras, repórteres, comentaristas, analistas, psicólogos e curiosos de todas as áreas foram transformados em atores. Mais que uma novela, poder-se-ia dizer que o caso foi transformado em um teatro interativo, pois o povo foi convocado a entrar em cena. Todos nos tornamos coadjuvantes ou mesmo figurantes. Não houve como ficar de fora.
Alguns cidadãos se transmutaram em detetives, outros em peritos criminais, policiais, promotores e até juizes. Houve quem decretasse pena de morte (linchamento) ao pai e à madrasta da menina.
O grande risco que a sociedade corre e que o caso Isabella demonstra com rigor de detalhes é a mistura de jornalismo com entretenimento, onde o objetivo não é informar, mas medir o IBOPE. Até a sagrada grade de programação de algumas grandes emissoras de TV foram alteradas durante o fatídico período de “apuração” da morte da menina. Acostumados à pseudo interatividade do Big Brother, o povo vai na onda daqueles que criam versões, misturando fantasia com realidade numa verdadeira catarse coletiva.
Em minha opinião, já que todos opinaram, acredito que o caso Isabella antes de ser um caso de polícia é um caso de saúde pública, pois revela o grau de deteriorização de uma sociedade permissiva e corrompida no atoleiro do pecado. Uma sociedade que de vez em quando precisa de um “Judas” ou de um “Gadareno” para amenizar as suas próprias culpas.
Dentro de pouco tempo a mídia nem estará mais mencionando o caso Isabella e o foco já estará em outra desgraça ou nas possibilidades dos atletas nas Olimpíadas de Pequim e das eleições municipais deste ano. O Vale a Pena Ver de Novo voltará à tona quando houver o julgamento.
Essa comoção toda provocada pelos meios de comunicação prenuncia o que acontecerá com um fato escatológico que em breve deverá se cumprir: o aparecimento do Anticristo. Ele certamente terá toda a mídia em suas mãos para criar essa grande catarse coletiva e enganar o mundo. Quem viver e não passar pelo arrebatamento verá.

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